quarta-feira, 2 de abril de 2014

De Repente

Abro os olhos e ainda é 1h32min, foi em vão eu me deitar tão cedo... O corpo recebe uma carga tamanha, uma carga tremendamente emocional e como isso mexe com as nossas estruturas, homens, mulheres, crianças... 
É que foi tudo tão de repente, uma onda de consumo por causa da impulsividade, os amontoados de beijos, abraços e carinhos. 
Não quis nem saber, o olhar cruzado no breve instante antes do contato entre os lábios foi arrebatador, no íntimo, eu sempre soube que iria acabar assim. E acabou.
Senti uma coisa estranha no primeiro contato visual, algumas coisas simplesmente se encaixam perfeitamente, uma porrada no peito, daqueles que você não diz para ninguém, voltei com a intenção verdadeira de atropelar esse tal sexto sentido, mas não deu, não consegui... Cedi aos teus encantos, olhos ressumbrados e jeito doce de falar, a perfeita manipuladora. Entre tantas aparências, senti que era real, provou-se ser uma real coincidência, gostos em comum misturado de toques suaves, toques que nem todas acertam, o jeito de falar, o jeito de acariciar, o temperamento controlado, o beijo intenso, os assuntos que encaixavam como peptídeos nas células. Eu me perdi ali, meu sistema nervoso central foi pego.
Já não respondia mais com minha racionalidade, larguei as cervejas no isopor e esqueci que tinha que vender, bem, dei meu turno como encerrado e não avisei meu companheiro de vendas. Doses de conversas curtas, semeados de tantos beijos, trocas de olhares e aquelas perguntas "charmobobas" (charmosas e bobas) do tipo "do que você está rindo?", "o que você está pensando?" quando nossos olhares se prolongavam em silêncio. Não queria estar ali, se soubesse que iria me causar tanta dor de cabeça, mas, o fato era que eu estava, eu a desejava, ela me desejava, estávamos inebriados de testosterona, sem hesitar, busquei meus pertences na casa de meu companheiro de vendas e parti ao re-encontro.
Fomos ao estacionamento, entramos no carro dela, enquanto as amigas dela se despediam de outros rapazes que conheceram por lá, não me continha e avançava sobre tuas coxas e nuca, estendemos e comprimimos essa vontade por longos 15 KM que pareciam não terminar nunca. Chegamos na casa da amiga dela, enquanto ela manobrava o carro para deixar a amiga, salta uma moradora de rua, com cara de abatida, cabelos arrepiados, roupas rasgadas, parecia usuária de droga, surgiu debaixo  de algum carro que estava por ali, ficamos num misto de surpresa e comicidade com a situação, a amiga dela com certo pavor tratou de saltar logo do carro, troquei meias palavras com a estranha, minha atual paixão me comove ao solidarizar com a figura humana que pedia por ajuda no vidro do carro, me encantou de vez esse gesto. Partimos rumo ao motel.
Chegamos lá, a sensação era de que eu a conhecia há anos, séculos, vidas passadas, eu a lia de cima abaixo, sabia o que queria e como queria, eu a sentia e vice-versa. É possível que a felicidade se esconda nestas situações? Acredito que sim, tudo tão de repente, tudo tão fugaz, tudo tão quente e apaixonante. Ah... São 3h, ainda não dormi, memorando os bons fatos, lembrando meu tormento, o que me tira o sono... E lembro da sensação de felicidade, do querer dormir agarradinho, ouvir ao pé do ouvido aquela voz mansa dizendo "gostei de ti... mas só um pouquinho" seguido de um curto sorriso que respinga uma risada no teu corpo, foi o gole de espírito que eu precisava. Paro por aqui, pois ali foi o ápice da felicidade, felicidade que há tempos eu não sentia e que me fez acreditar num futuro próspero. 





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